terça-feira, abril 26, 2011


Da Literatura e da Cultura ainda reza a história...e este país, Portugal, precisa que ela mesmo, os seus constituintes atuais, clamando a outros vates, levantem a sua voz e afirmem a grandeza histórica e cultural de um povo cujo vida vai além da contabilidade do FMI, da UE e outras instâncias, que tomaram o mundo como seu...puro e ledo engano, vide o nosso Camões...das finanças já não reza a história e pelo caminho do mundo, economistas, morreram todos na praia, a barafustar contra as suas próprias predicas..ah falsos profetas, de um imenso nulo!
...traigo
sangre
de
la
tarde
herida
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...

José

Ramon...

Rumores

Um leve tremor
precede a tempestade
pedras e abelhas
abrem a profecia
fiel ao seu aroma
a primavera avança
não renuncia
assim nós
o fizéramos
rodeados de fim e mistério.

segunda-feira, abril 11, 2011

M., a última palavra


Entre restos de vida passada
refugiava-se o coração de cada um de nós no seu covil,
uma gota de sangue, pequeno vitral de reflexos coloridos,
na orelha de M., a pistola no chão perto da mão, ainda quente a pistola.

O que quer que tivesse acontecido
fora em sítios inacessíveis às notícias dos jornais 
e aos flashes das máquinas fotográficas
voando agora como aves cegas à sua volta.

Um grande mutismo cobrira tudo
gelando os nossos passos e o que disséssemos
ainda antes de pronunciado;
percebia-se, de quem sempre quis ter a última palavra.

Não se percebia era a falta de uma explicação ou de um sinal
(ao menos um sinal justificar-se-ia dadas as circunstâncias),
apenas um botão do casaco mal abotoado,
provavelmente sugerindo alguma impaciência.

Manuel António Pina (inédito, publicado no Público de 9de abril)