quarta-feira, novembro 28, 2007

COMPROMISSO

Pertence-te
ser homem, afirmar
todos os dias
que tens um compromisso:
ser claroe brando
como a luz
e, como ela, necessário.
E não deixar
crescer à tua porta
ervas daninhas.

de Albano Martins

Eugénio II


segunda-feira, novembro 05, 2007

Eugénio

Obstinado o Poeta Eugénio de Andrade
– No rigor de um Tempo


“ – Que posso eu fazer
senão beber-te os olhos
enquanto a noite
não cessa de crescer?”
in Ostinato Rigore



Cresci, para a poesia, com sua lírica com a sua música, os seus cavalos alados, alargando a minha imaginação, fazendo do pequeno verso a poção mágica da inspiração.
Aconcheguei o peso das desilusões ao ombro da seus poemas e os seus livros estavam inscritos na glória eterna da poesia que nos salva, como religião secreta de alguns.
Abriu o mundo das flores e dos frutos e das mãos que os trabalham. Fui compreendendo que um parto também é dor, não apenas felicidade e ilusão.
Experiência de leitor e fazedor de poesia, experiência de uma influência que me marcará para além do tempo, o seu tempo de vida. A liberdade, a beleza, a justiça, o amor, tudo é face branca, de um rigor lúcido, perante um mundo, cuja desagregação ética ia observando.

A poesia, bela no seu traço, feminina, -de tão- permitindo-me aceder a esse mesmo universo, feminino, de forma mais leve e subtil, pela sua voz secreta.
Poeta maior, entre grandes, admirável mundo aquele aberto, num tempo de realidade social, franco, sem medo optou, trilhou um caminho único, só seu, até o Portugal, do seu coração, pequenino o seu país, o descobrir e com ele o mundo, como testemunham as imensas traduções (logo a seguir a Fernando Pessoa).

Sem divida nem dúvida, com o cravo na mão, passeio entre as tuas páginas admirando os horizontes que dos teu dedos nasceram, em cada cultor do teu trato da palavra, do trato com o mundo.

Admirável dia este em que rosas se abatem nesta cidade de eleição, o Porto, abençoada de poetas, esperemos, não esquecida, da tua estética.

14 de Junho de 2005
Joaquim Paulo Silva,

quinta-feira, novembro 01, 2007

Inocência






Nenhuma rosa

é inocente. Nem mesmo

o seu perfume. Que este

fere

às vezes

como os alfinetes

dos seus espinhos


Albano Martins