segunda-feira, junho 28, 2010

OS IMBONDEIROS





«O Poeta Sinónides um dia»
Camões




Não eram ratos pendurados de

barrigas loucas. Eram frutos frutos

do imbondeiro. E as casas destruídas

com mortes com incêndios. E Simónides

vendo a morte presente em mim dizia:

Destarte me chegou minha ventura.

E o Capitão Temíscoles gritava:
Cuidado meu cabrão. Aqui há minas.



De que serve às pessoas o lembrar-se

do que se passou já? Mas era Agosto

Angola angústia. Alguns diziam: guerra guerra.

Enquanto uma guitarra se partia

corda a corda por dentro da garganta.



Manuel Alegre

quarta-feira, junho 23, 2010

Aí está novo espectáculo inter-associativo sobre as águas do rio!

http://povoquelavasnorioagueda.blogspot.com/


O imponente espectáculo inter-associativo que Águeda constrói, a cada ano, sobre as águas do seu rio, tem nova edição em 2010. Um musical exuberante, contemporâneo e visual, inspirado no repertório musical de todos os tempos dedicado ao imaginário ribeirinho: “Povo Que Lavas no Rio Águeda”. A 16 e 17 de Julho de 2010, na antiga piscina fluvial, terá lugar mais um evento para a história cultural de Águeda.[ler apresentação integral em http://povoquelavasnorioagueda.blogspot.com/]


POVO QUE LAVAS NO RIO ÁGUEDA2 únicas apresentações: 1

6 e 17 Julho 2010, 22h00
lotação máxima de 1200 lugares por noite
BILHETES À VENDApreço único 3€na Câmara Municipal de Águedana Biblioteca Municipal Manuel Alegrenas Piscinas Municipais de Águedano Agitágueda (a partir de 3 Julho)

HOMENAGEM DO POESIS AO JOSÉ SARAMAGO


JOSÉ SARAMAGO


Uma morte que a história já não apaga. 16 de Novembro de 1922 — Tías, Lanzarote, 18 de Junho de 2010

Um artista emerge das suas profundas contradições, que espelham aquelas mais amplas e representam as angústias existenciais da própria humanidade.
Escritor do mundo, não deixou de ser um profundíssimo português cuja dimensão ultrapassou a dimensão da costumeira mesquinhez Nacional.
Isolava-se em Lanzarote pensando melhor Portugal, como Torga nas fragas transmontanas, lugares onde, a partir de paisagens áridas e belas, se podem encontrar consigo e com o mundo.

Lega-nos uma vasta obra e o único Prémio Nobel da Literatura.

A mim, chega me de tão vasto a leitura do "Memorial do Convento", obra prima da nossa literatura.

Até sempre!

PS: Se os Presidentes da Republica não servem para prestar pleito na hora da morte aos melhores e reconhecidos entre nós, o que fazer com eles??

segunda-feira, junho 07, 2010


Prof. Dr. Eduardo Vitor
próximo convidado no projecto comum (POESIS/IFHS), Encontro com Autores, 19 de junho 17 horas na sede do ifhs/poesis/aidss
Rua da Constituição n.º 814, 5.º andar, sala 29, 4200 - 195 Porto



Entrevista do Nova Araujo, Co fundador do POESIS, ver aqui:


http://www.vozdapovoa.com/noticia.asp?idEdicao=232&id=9088&idSeccao=2126&Action=noticia
"É com muito prazer que anuncio a apresentação do livro de poesia "Bolsa de Valores e outros poemas", do amigo e Poeta Domingos da Mota, ex-colaborador do "lavra...Boletim de Poesia", que vai ter lugar no próximo dia 12 de junho de 2010, sábado, pelas 16 horas, no Ateneu Comercial do Porto.

Envio em anexo o convite e em meu nome pessoal e do poeta, agradeço antecipadamente a vossa presença.

Segue, em linhas gerais a biografia do autor:

Domingos da Mota, de nome completo, Domingos Machado da Mota nasceu a 15 de Dezembro de 1946, em Cedrim, Sever do Vouga. Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Trabalhou num laboratório da indústria farmacêutica. Reside em V. N. de Gaia. Tem poemas dispersos por colectâneas, revistas, jornais, e em diversos sítios do ciberespaço. Actualiza com mais frequência o blogue http://fogomaduro.blogspot.com."







TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar














NÃO HÁ VAGAS

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Ferreira Gullar

terça-feira, junho 01, 2010

GULLAR, PRÉMIO CAMÕES


O poeta e ensaísta brasileiro Ferreira Gullar (n. 1930) foi hoje distinguido com o Prémio Camões, no valor de cem mil euros, por decisão de um júri constituído por Helena Buescu, José Carlos Seabra Pereira, Inocência Mata, Luís Carlos Patraquim, Antônio Carlos Secchin e Edla van Steen (os dois primeiros votaram em Hélia Correia). Uma escolha certeira. O fundador do neo-concretismo brasileiro e autor do celebrado Poema Sujo (1976), tem grande parte da sua obra editada em Portugal pelas Quasi.