sexta-feira, agosto 28, 2009






Do que não sei o nome eu guardo as semelhanças.
Não assento aparelhos para escuta
E nem levanto ventos com alavanca.
(Minha boca me derrama?)
Desculpem-me a falta de ignorãças.
Não uso de brasonar.
Meu ser se abre com um lábio para moscas.
Não tenho competências pra morrer.
O alheamento do luar na água é maior do que o meu.
O céu tem mais inseto do que eu?


Manoel de barros, in "O Encantador de Palavras"
(Um dos maiores poetas Brasileiros em actividade)

terça-feira, agosto 18, 2009

A Segunda Canção com Lágrimas





Meu amigo cantava. Dizem que cantava.

E de repente

quebravam-se nas veias os relógios onde

os ponteiros marcavam vinte e cinco anos.


Vinte e cinco navios e cinco mapas

vinte e cinco viagns sempre adiadas.

Meu amigo quebrou-se como se fosse de vidro.

Ficaram vinte e cinco pedaços de um homem.



Manuel Alegre - in Nambuangongo, meu amor (os poemas de guerra)


"Todos os anos os gregos faziam um ritual para mostrar aos espectadores o que sucede às pessoas que se deixam prender pela rede do Espaço e do Tempo.

Esse Teatro Grego, a mim dá-me a impressão de que se destinava a levar os homens à Consciência plena de que estavam dentro de uma cadeia e incitá-los, pela contínua «injecção» de ambiente de cadeia, à Liberdade.

Os gregos tentavam, sim senhor, livrar-se da cadeia do Espaço e do Tempo..."


Agostinho da Silva