segunda-feira, abril 05, 2010

Os Novos Bárbaros

(Na esteira de Agostinho da Silva)

Escrevia, Agostinho da Silva, sobre os bárbaros, novos, aproximando-se o dealbar do século XX, como consequência da degradação do projecto ideológico/moral do século XX. Projecto assente na limpeza dos conteúdos clássicos, e dos valores de humanismo, dos programas escolares, e dos projectos culturais.

A cedência ao facilitismo, à tecnologia, ao vazio ético/moral, às ideologias de limpeza do lastro passado, abriram caminho a novas gerações sem referenciais sobre a história, a urbanidade e a necessidade civilizadora para a sobrevivência da humanidade.

A escrita fácil, a desvalorização da profundidade do pensamento, na literatura, na filosofia, na cultura em geral, por uma nova “onda”, light, rápida e pronta a servir, emergindo de um vácuo de ideias e de referências, traduz-se na barbárie vivida em grupo, em multidão, ou no mundo virtual da net.

A experiência profunda da humanidade denegrida, ferida, da humanidade que pensa, cria artefactos, e se renova intelectualmente, pela nobreza do drama, vencendo os ismos todos, desaparece, pois com ela vão todos e todas cujo pensamento substanciou a resistência ao facilitismo no pensamento, na política, na cultura, na ciência e na arte.

Os novos bárbaros estão aí, cheios de informação, mas nulos de pensamento autónomo e liberdade criadora, insensíveis à relação substancial humana, sobre a qual se fundou a civilização da existência, do progresso, das liberdade e da tolerância, capaz de barrar o passo ao maior totalitarismo da história: o Nazismo.

Joaquim Paulo Silva

1 comentário:

Lu Fargiani disse...

Conhecendo o espaço, logo voltarei com mais tempo, otíma iniciativa. Abraços