segunda-feira, dezembro 22, 2008

NATAL



O sino da minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada tua badalada

Soa dentro de minha alma.


E é tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada

Tem o som de repetida.


Por mais que me tanjas perto

Quando passo, sempre errante,

És para mim como um sonho.

Soas-me na alma distante.


A cada pancada tua,

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto a saudade mais perto.


FERNANDO PESSOA



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