Uns sapatos meio cambados, biqueira larga, talvez um 42 ou mais, estavam atirados para o meio de um armário cinzento entre livros e papéis. Não seriam sapatos de defunto, mas ninguém sabia a quem pertenciam e nunca ninguém os reclamou. Nesse tempo, os sapatos ainda não tinham ganho o estatuto de digno petardo de que hoje gozam legitimamente, mas não deixavam esses, esquecidos entre letras, de constituir um dos insólitos mistérios do JL, quando cheguei a esta redacção. Havia quem suspeitasse que eram de Carlos Vaz Marques que tinha saído há pouco do jornal para, como se diz, seguir outros passos na TSF. Nunca se tirou isso a limpo e não valia a pena tentar a prova de Cinderelo. Porque a história não se repete, nem os abandonados sapatinhos valiam meias solas. Descobri, aliás, rapidamente, que o JL é um poço sem fundo, onde se pode perder tudo. Às vezes a cabeça e as estribeiras. Nunca o amor à camisola.
O POESIS afirma-se como um Projecto Cultural Total. Um Espaço aberto, desinibido de barreiras disciplinares, visando a promoção de projectos culturais inovadores. Espaço holístico, poético de reconcialiação humana e visão cósmica. POESIA_ ARTE_CIÊNCIA_ESPIRITUALIDADE
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Nº 1000 Jornal de Letras, Artes e Ideias (fenomenal neste país sem dúvida!)
Uns sapatos meio cambados, biqueira larga, talvez um 42 ou mais, estavam atirados para o meio de um armário cinzento entre livros e papéis. Não seriam sapatos de defunto, mas ninguém sabia a quem pertenciam e nunca ninguém os reclamou. Nesse tempo, os sapatos ainda não tinham ganho o estatuto de digno petardo de que hoje gozam legitimamente, mas não deixavam esses, esquecidos entre letras, de constituir um dos insólitos mistérios do JL, quando cheguei a esta redacção. Havia quem suspeitasse que eram de Carlos Vaz Marques que tinha saído há pouco do jornal para, como se diz, seguir outros passos na TSF. Nunca se tirou isso a limpo e não valia a pena tentar a prova de Cinderelo. Porque a história não se repete, nem os abandonados sapatinhos valiam meias solas. Descobri, aliás, rapidamente, que o JL é um poço sem fundo, onde se pode perder tudo. Às vezes a cabeça e as estribeiras. Nunca o amor à camisola.
sábado, janeiro 24, 2009
Homenagem a Fernando Peixoto
Contamos com a sua presença.
Gilberto Albuquerque (Presidente da Tuna Musical de Santa Marinha
quinta-feira, janeiro 15, 2009
OS DIAS E AS NOITES
I
Escrevo ao longe os dias e as noites
no papel barato do rascunho, e
nos invariáveis contornos do desenho livre
em madrugadas claras tranco-me no teu círculo
enrolo-me nos seus raios
à espera de me acomodar e
adormecer sobre o diâmetro
estendo-me nele, esticando as pernas,
e prendo-me na elipse
que se alongou no meu espreguiçar.
Estendo as mãos e
os dedos espalham-se para roçar a tua pele,
estremeço e baloiço os braços
para não te deixar para longe do meu peito;
no desequilíbrio das linhas
rasgo dois arcos medidos nos graus
que se retalham na amplitude do abraço,
para te coroar no topo da hipérbole.
Ao encontrar a parábola,
estava perdido de mim e
do papel principal;
não mas adormecerei sobre o diâmetro
nem me tentarei pelas hipérboles;
não lutarei por um papel na tua parábola
nem rasgarei a geometria do poema.
José Costa e Silva, Poesis, Janeiro 2009
quarta-feira, janeiro 14, 2009
Clube Literário do Porto- Agenda
terça-feira, janeiro 06, 2009
sexta-feira, janeiro 02, 2009
O Que nos Empobreceu em 2008:
1989 - 2009 20 anos de POESIS
1995:
A. André
Em Outras margens
I
Hoje nos nús encontro cadáveres
dançantes - cada instante é morte
creio no riso quase morto
tentp negar o espanto perante a comédia
réstea de diferença ignorância
neste social que lentamente mata
rasgando atitudes perante a morte
fictícia deslumbrante e maldita
nasce a ocasião de estar
onde nunca hei-de chegar
Rir dos mortos - talvez seja loucura
o sonhar as imagens que correm
descontroladas que se desencontram
No clímax uma só imagem
deserta tenta sentir na escuridão
entristecida na coragem chega o dia
a luz sempre bendita
para alguns para mim maldita
Clamando a grande reviravolta
desprezando o desejo do dia e à noite
são entoados cânticos à venerável
num ritual alegre - balada do não ser
Fografando a medusa da hipocrisia
que é vencedora nos ossos do ofício
de existir alguém concentra a dor
Entretenham-se nesta ousadia louca