quinta-feira, janeiro 29, 2009

Nº 1000 Jornal de Letras, Artes e Ideias (fenomenal neste país sem dúvida!)





Uns sapatos meio cambados, biqueira larga, talvez um 42 ou mais, estavam atirados para o meio de um armário cinzento entre livros e papéis. Não seriam sapatos de defunto, mas ninguém sabia a quem pertenciam e nunca ninguém os reclamou. Nesse tempo, os sapatos ainda não tinham ganho o estatuto de digno petardo de que hoje gozam legitimamente, mas não deixavam esses, esquecidos entre letras, de constituir um dos insólitos mistérios do JL, quando cheguei a esta redacção. Havia quem suspeitasse que eram de Carlos Vaz Marques que tinha saído há pouco do jornal para, como se diz, seguir outros passos na TSF. Nunca se tirou isso a limpo e não valia a pena tentar a prova de Cinderelo. Porque a história não se repete, nem os abandonados sapatinhos valiam meias solas. Descobri, aliás, rapidamente, que o JL é um poço sem fundo, onde se pode perder tudo. Às vezes a cabeça e as estribeiras. Nunca o amor à camisola.

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