terça-feira, fevereiro 26, 2008

Um Mendigo à Minha Porta

Um Mendigo à Minha Porta




Entre as folhas
e as flores
segues
lento de asa
como um cão abandonado.

A brisa aspiras como
um Deus
em pequeno corpo
decantado
do ilusório mundo
quase apartado.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Meditação







"Agora visualizemos com o olho da mente, à distância de aproximadamente um braço à nossa frente e ao nível de nossa cabeça, um grande trono dourado, adornado com muitas jóias. Quando essa imagem estiver nítida, continuem visualizando um puro lótus branco em plena floração pousado sobre esse trono.Essa flor é imaculadamente viçosa e não apresenta absolutamente nenhuma falha nem descoloração. Por dentro os lótus constituem-se de discos, primeiramente o sol e depois a lua. Eles se sobrepõem como duas almofadas redondas. Sobre esse assento especialmente preparado, senta-se o Buda Shakyamuni."


in a Energia da Sabedoria, Lama Yeshe e Zopa Rinpoche

poems






I


Um pranto. Uma pena. Um poeta.
E choramos, nunca tanto,
por quem ousa
intenta libertar-nos
do que nos resta.





II


O som do caminho
passa
e nós com ele
a arrastarmos a vida baça.





III


Há rumores...
Um tempo de medo e cobardia.
Afia soldado, afia, teu cabo e espada
cordel como lança e cabelos
ao vento na crina
aguardam o seu tempo.
Há rumores soldado... sobre
o teu rosto limpo, por quem
os cobardes suspiram a medo.




IV

Os teus olhos reflectem
os dedos afagando-se
em segredo.

A medo o corpo
entreabre a blusa
um suspiro
antes do seu degredo.

sábado, fevereiro 02, 2008

Eu hei-de escrever-te um rio

Eu sei de um poema
que se fez rio algemado...
de um rio algemado
que rasgou a montanha...
da montanha amarratoda
que se abriu em papel de carta...

eu hei-de escrever-te um rio
que não caiba em carta alguma!

eu hei-de beber-te em poema
que não caiba dentro de mim!



José Magro de Melo (pseudónimo)

Poeta do Poesis

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Akhenaton (ainda)


Neferkheperura Waenra Akhenaton - Amenhotep IV
(cerca de 1350 a.C.)



Segundo filho de Amenhotep III com Tiya, o faraó Akhenaton é considerado, por uns, como visionário, revolucionário e idealista; por outros, apenas como herético. Poeta e reformador das artes, a verdade é que ele foi responsável por um dos mais importantes momentos da História do antigo Egito.
É por seu intermédio que pela primeira vez a história da humanidade registra a adoção de um deus único, ou seja, é o primeiro momento conhecido em que o homem adota a figura do monoteísmo. Seu deus Aton era representado fisicamente pelo disco solar.


Fundou uma nova capital, à qual deu o nome de Akhetaton (Horizonte de Aton). Abandona a então capital Tebas, e vai com sua corte habitar a nova cidade-capital, que teve a duração de somente 12 anos aproximadamente.
Akhenaton reinou por cerca de 17 anos, vindo a falecer de forma até agora desconhecida. Embora alguns estudiosos afirmem que sim, até agora não há qualquer dado concreto referente a uma possível descoberta de sua múmia.
Com sua morte, acaba a reforma religiosa, que obteve repercussão no campo artístico e político.


Como conseqüência dessa nova concepção religiosa, o antigo Egito foi palco de uma profunda revolução dos tradicionais cânones artísticos de então, adotando características do realismo e do naturalismo. A partir desse momento, a imagem atlética do faraó é negada, passando então este a ser representado com suas características naturais, às vezes até de forma exagerada, beirando a caricatura. As cenas comuns retratadas referem-se àquelas do seu convívio cotidiano com a família, no palácio ou em adoração ao novo deus Aton.
Casado com Nefertiti, teve seis filhas, sendo que também lhe é atribuída a paternidade de Tutankhaton/Tutankhamon, que seria seu filho com a segunda esposa de nome Kiya.

Egipto: Akhenaton




O Faraó Akhenaton trouxe uma nova concepção de religião monoteísta em louvor a ATON, deus sol e a arte refletiu a nova realidade: as coisas deveriam ser vistas como eram sem convencionalismos.

É desta época também a cabeça da Rainha Nefertiti, esposa do faraó AKhenaton cujo original pode ser visto no Museu de Berlim, Alemanha.

...

é sempre em mim

que os rios vem desaguar.

assim será até ao fim,

até chegarmos ao mar


Eduardo Roseira, in A Colheita Intima

Poesis