segunda-feira, setembro 29, 2008

Árvore-Mulher




Nas árvores, troncos de bolhas

cresceste, minguaste mulher,

vestida de ramos e folhas.

E há troncos, relva, vielas

coxas abertas, sexo

pernas, rins e folhas amarelas,

gotículas de outono sem nexo

escorrendo no ventre. ladeando

o sexo agressivo impúdico

da árvore mulher vagando

o olhar redondo e lúbrico
ao redor do sempre, do quando

do tudo e do nada telúrico.


José Costa e Silva in O Último Poema

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo Joaquim, agradeço em nome do Fernando Peixoto e no meu próprio, a tua mensagem deixada no ChavedaPoesia, o local onde depositamos juntos tantas partículas de Saudade e Afeto sob a sintonia mágica do mais amplo enleio. Não é só portuguesa esta expressão, garanto-te, e dele dou o mais contundente testemunho pois não tem fronteiras o sentimento humano. Imersa na perplexidade, agradeço aos Céus tudo que juntos compusemos numa fusão anímica inenarrável, de tão rara.
Gratíssima, deixo aqui um forte abraço. Sylvia Cohin

joaquim paulo silva disse...

Obrigado devolvo com odesejo que a semente que os dois publicaram não feneça em honra do Fernando Peixoto.
Abraço