segunda-feira, outubro 06, 2008

Soneto de despedida



"
A notícia chegou, bateu-me à porta,

mal abri o correio das mensagens:

Era dura. De luto. Negra. Forte.

Tinha o peso da noite e da voragem.


Tinha o aceno do adeus, do até sempre,

e carregava doridos os sobrolhos.

A notícia trazia o lamento

da morte que mordia os nossos olhos.


Como dói a partida de um amigo

que se foi, nos deixou sem o pascigo

de dois dedos de conversa, sem contacto.


Mas um amigo não morre, só se ausenta:

e passado o cabo das tormentas,

sai da boca de cena (e do teatro).



Domingos da Mota


(logo após ter recebido a notícia do falecimento do Doutor Fernando Peixoto, poeta, homem das letras e do teatro, e amigo, com os meus sentidos pêsames a toda a sua família)"

4 comentários:

Anónimo disse...

Poeta e amigo Joaquim Silva,

Vi o meu "Soneto de despedida", como deixou no sítio onde foi publicado, e verifiquei que o seu título não está exactamente como o pus: "despedida", é com minúscula no início da palavra, como que a dizer, até logo, amigo.
Agradeço a sua correcção, se possível.
Um abraço,
Domingos da Mota

joaquim paulo silva disse...

Ok, peço desculpa e obrigado pela correcção.

A.S. disse...

"NA BRUMA QUE DE LEVE SE DESFAZ
TOMARÁS FORMAS VOLÁTÉIS E SUPREMAS!
SERÁS ESTRELA, NUVEM, TANTO FAZ;
ROCHA, MAR, AREIA OU VENTO,
UM PONTO, UM ÁTOMO, UM MOMENTO!
MAS DEIXARÁS INTACTOS TEUS POEMAS"!


ATÉ SEMPRE meu querido Amigo!... Tu sabes bem que continuarás no meio de nós!...

ALBINO SANTOS

Branca disse...

Mais uma bonita homenagem que encontro a este nosso amigo de personalidade ímpar.
Todos os que o conheceram choram esta partida tão precoce.
Deixo um abraço.
Branca